Através da formatação de um conjunto de imagens, esta exposição visa tanto enfatizar a poética do fotógrafo Sid Bond - que explora a arquitetura e exuberância escultórica dos artefatos carnavalescos - quanto refletir sobre a noção do "site-specific -art", que leva o artista no seu processo de criação a considerar o espaço da mostra como um recurso extra, envolvendo o público na atmosfera dos bastidores da avenida.
O ensaio fotográfico de Sid Bond, que vem sendo desenvolvido desde 2006, está ancorado num olhar documental mais diferenciado sobre o carnaval carioca. Em seus recortes, o que está em foco não é a multidão que assiste aos desfiles nem muito menos o bloco de foliões fantasiados. Ao contrário, o que sobressaia em seus enquadramentos são as alegorias sobre os cultos afro-brasileiros e a cultura popular, aqui explorados pelas distintas escolas de samba, onde os muitos brasis são detalhados na exuberância escultórica dos artefatos registrados em suas fotos.
Como se sabe, a potência da temática carnavalesca é inegável, especialmente na cidade do Rio de Janeiro, berço das escolas de samba. A alegoria, o barroco, a arquitetura, as figuras carnavalescas são apresentadas numa formatação que segue na contramão de interpretações banalizadas pela mídia impressa e televisiva. O que se vê, portanto, neste conjunto, é uma visão expressionista, de onde Sid Bond explora a sua substância plástica, para deixar aflorar influências estéticas de filmes como Metrópolis (Fritz Lang) e de fotografias surgidas nos fotoclubes brasileiros, nas décadas de 40 e 50, que dão corpo ao acervo de fotografia moderna no Brasil.
